Bem aventurados os mansos...
A que mansidão somos
convidados a abraçar?
Fugir, escapar, burlar e
distrair as forças da violência do pensar que, racionalmente açoitam e, oprimem
aqueles anseios que ao intelecto pouco ousam se mostrar.
Estamos frente a frente a um
novo portal, que excita a esperança de ver os mais íntimos sonhos, na vida
mundana se precipitar.
Muitos sentem a proximidade
dessa experiência a se materializar e, com a doçura da plenitudede de ser e, da
alegria de estar, finalmente poder comungar.
Como se fossem miragens
flutuantes diante do olhar, parecem em alguns momentos, possibilitades tão
tangíveis, quase a nos tocar.
E o que falta para que essa
doçura possa plenamente se deixar experimentar?
Aproxima-se assim em socorro
dessa promissora comunhão, a mansidão que ainda desconhecemos e da qual tão
pouco já provamos.
É uma força nova, uma
energia alvissareira que estimula a novo pensar, é brilhante e luminosa e com a
violência não vem nada disputar.
E a razão acostumada a conjecturar
e argumentar, ainda pensa que com a mansidão pode degladiar.
E a mansidão nada decreta,
nada impõe, tampouco aprova ou desaprova.
Para o mundo que com o
intelecto é explorado, tantas exigências, tantos métodos, tanta disciplina,
tanta luta a essa mansidão se contrapõe.
O intelecto que sabe tantas
coisas possuir, pouco ou nada entende de confiar, entregar, deixar ir.
As tarefas do intelecto de
comparar, analizar, julgar cumprem com os desígneos da condição mental preparar,
para que a voz do coração, clara e em bom som poder se fazer escutar.
Por que nesse preparo as pessoais
necessidades parecem se apresentar, não deixando a humana condição dele
escapar?
Porque enquanto em corpo de
carne e osso o Espírito se apresentar, vem a saciedade como instrumento de
perfeição, ao corpo se manifestar.
A Mente é uma necessidade do
corpo pois que, sem Ela o corpo para o coração, impedindo fica de se preparar.
O acesso a esse novo portal,
que é um convite e não uma imposição, para o qual a mansidão é passaporte, dá-se pelos caminhos
do coração.
Sensibilidade, confiança,
intuição, amorosidade, fraternidade, perdão, sentimentos nascidos da interação
do corpo com a mente, da relação de aprendizado que nasce com a integração dos
conteúdos intelectuais, com os apetites e as tendências corporais.
Esse convite, esse portal,
se faz presente de maneira pessoal e intransferível no viver de cada um.
Uma vez transposto não se
pode por ele voltar e, então cada interêsse pessoal em consonância com a voz do
coração deverá ressoar.
E então, a razão fica em muitos momentos sem nada entender dos
apetites e das aptidões que na pessoalidade passam a se manifestar.
Àquele que após transpor
esse portal e temporariamente nas dobras da razão, nos questionamentos intelecto-racionais
se deixar aprisionar, oferendas aos
Deuses Internos necesitará realizar.
Como oferenda, toda a emoção
que com a mansidão não se sintonizar, no altar desses Deuses deverão se
incenerar.
Bem aventurados os mansos de
Espírito, pois que eles herdarão a Terra!
Lis Maria Camargo
26-04-2014