Conhecimento
e Percepção
Paradigmas
ditados pela infabilidade científica, engessam a condição humana
dentro de possibilidades consagradas de aquisição e expressão de
conhecimento.
Alguns
desses paradigmas colocam a condição humana sob a ditadura do
expectro da racionalidade sensorial, aonde tudo aquilo que não possa
ser sensorialmente mensurado e classificado, não possui existência
e, portanto, nenhuma condição de conhecimento e percepção.
No
desenvolvimento da linguagem, a condição de ser humano, traça uma
tragetória no aperfeiçoamento e complexidade de estruturas físicas
cerebrais, capazes de expressar através da codificação de sons,
compreensão e comunicação de ideias e pensamentos.
A
neurociência descortina um complexo entrelaçamento entre as
faculdades humanas que paulatinamente adquiridas, culminam na
habilidade humana da fala.
A
linguagem pensada e falada, através da representação simbólica de
sons e formas, exerce importantíssima perspectiva no desenvolvimento
na inteligibilidade da comunicação humana.
Esse
contínuo exercício de decodificação simbólica das ideias e
pensamentos, ao longo da história evolutiva das sociedades humanas,
alcançou parâmetros que transcenderam a expressão objetiva das
necessidades concretas e sensoriais das cotidianas interações
sociais.
Outros
níveis de expressão que extrapolavam essas necessidades principiam
a serem codificados a medida em que mais estados emocionais e novas
expectativas intelectuais, vão sendo acrescentadas na interrelação
humana.
O
desenvolvimento da linguagem vai assim abraçando as expressões da
subjetividade humana e, graus de complexidade e interatividade criam
estruturas mentais capazes de interpretá-las.
A
percepção humana passa a abranger e a interpretar aspectos menos
físicos, de linguagem não falada, que relacionam-se com aqueles
aspectos físicos e sensoriais da linguagem falada.
Esse
relacionamento passa a exigir coerência, ou seja sintonia entre
essas duas linguagens,a falada e não falada.
Será
essa linguagem não falada um aspecto importante e inicial de uma
possível capacidade de uma nova forma de comunicação, a telepática
no desenvolvimento da comunicação humana?
Se
assim for, será compreensível que níveis de percepção subjetiva
de idéias e pensamentos trocados nos relacionamentos humanos, passem
a ter cada vez mais relevância na interpretação dessas ideias e
pensamentos.
Essa
coerência acima citada diz respeito à complementariedade e a
afinidade entre aquilo que a criatura humana expressa de maneira
objetiva com o discurso, com a palavra e com o direcionamento que dá
as própria posturas físicas, corporais. Também com aquilo que a
criatura humana expressa de maneira subjetiva, com seu sentir, com o
direcionamento que dá as suas atitudes emocionais e mentais.
Um
discurso objetivo, racionalmente e intelectualmente impecável, mas
que não estabeleça sintonia e entrelaçamento com o discurso
subjetivo da criatura humana em questão, não apenas contradiz e
nega o que os símbolos da linguagem falada tentam expressar, mas
excita no ouvinte mecanismos de apreensão e desconfiança,
dificultando e até mesmo impedindo a compreensão, a veracidade e a
interação das ideias e pensamentos em questão.
A
condição humana principia a extrapolar os sentidos como fonte
exclusiva de apreensão e percepção da realidade, pois que essa
realidade, torna-se na perspectiva evolutiva, colorida e formatada
por uma compreensão extrassensorial, subjetiva, não material,
paulatinamente tão ou mais tangível que a perspectiva sensorial,
objetiva.
E
todos aqueles humanos, que apostam exclusivamente em aperfeiçoar o
discurso objetivo, intelectual, ignorando ou substimando o discurso
subjetivo intencional?
As
intenções se tornam mais transparentes nas comunicações humanas
na medida em que a coerência ou a não coerência entre o discurso
objetivo e o discurso subjetivo estabelece parâmetros de
credibilidade, de confiabilidade e de intelegibilidade na interação.
O
acesso a informação se por um lado instrumentaliza o discurso
humano, igualmente, por outro, condiciona a objetividade discursiva
como principal critério de veracidade e realidade.
A
inteligência da condição humana expande sua capacidade de
apreensão e interpretação da realidade, colapsando novos símbolos
a serem codificados.
E
há de se questionar, se as complexidades presentes na comunicação
atual, não acontecem justamente por esses novos símbolos, serem
ainda imperceptíveis a determinadas condições perceptuais humanas?
O
conhecimento está a colapsar novas intenções, para as quais a
condição evolutiva concorre com estruturas atualizadas às
necessidades de decodificação e interpretação.
Essas
estruturas estão a romper com o fundamentalismo racional,
entronizado pelas estruturas científicas até aqui, rompendo com o
enrijecimento de paradigmas estabelecidos.
À
essa essa nova inteligibilidade, correspondem novas inteligências
que se fazem não só presentes, mas fundamentais aos processos de
acertividade na decodificação simbólica das comunicações
humanas.
A
inteligência emocional e a inteligência espiritual a corroborar a
dimensão psíquica da condição humana, dimensão essa a qualificar
a capacidade de apreensão e interpretação da realidade, que
entrelaça os aspectos pessoais e coletivos da comunicação humana.
O
discurso do homem atual está vinculado a estruturas objetivas e
subjetivas da expressão humana, entrelaçando as expressões
materiais e as expressões imateriais de sua condição.
A
telepatia estabelece relação, compreensão e comunicação a nível
intencional, motivo pelo qual a falta de coerência entre intenção
e ação, incapacita o acesso a essa prática.
Talvez
com o desenrolar dos aspectos evolutivos de nossa condição,
possamos superar determinadas circunstâncias (como confiabilidade),
que hoje se impõe à prática dessa nova maneira de comunicação.
Estamos
iniciando uma nova etapa na comunicação humana e nesse início a
coerência entre os discursos subjetivos e os discursos objetivos, ou
seja, entre as intenções e as atitudes que definem a identidade da
criatura humana, é indispensável ao aperfeiçoamento dessa
habilidade.
A
ciência é um instrumento criado pela condição humana para
auxiliá-la na interpretação e na decodificação simbólica da
realidade e como tal, maleável e ajustável às condições dessa
necessidade.
Lis
Maria Camargo
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